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Computador de Voo

O computador de voo mecânico é uma ferramenta essencial para cálculos manuais na navegação aérea, amplamente utilizada tanto por estudantes de aviação quanto por pilotos durante o planejamento e operação de voos.

Ele é composto por duas partes principais, geralmente fabricadas em metal ou papelão plastificado, que incluem círculos móveis e uma régua graduada. Seu design possibilita uma ampla gama de cálculos úteis, como consumo de combustível, distância, tempo, velocidade, altitude e compensação para efeitos do vento.

Estrutura e Funções

O computador de voo apresenta duas faces:

  1. Face A: Usada para cálculos gerais como velocidade, tempo, distância, consumo de combustível e altitude.
  2. Face B: Voltada para cálculos relacionados a efeitos do vento, como determinação da velocidade no solo e ajustes de proa.

Modelos de Computadores

Existem dois modelos principais:

  • E6-B (Régua): O mais utilizado devido à sua simplicidade e popularidade, especialmente em cálculos envolvendo vento.
  • CR-3 (Circular): Possui funcionalidades semelhantes, mas é uma escolha menos comum, dependendo da preferência do piloto ou instrutor.
Computador de voo E6-B tipo Régua (lado esquerdo) e CR-3 tipo Circular (lado direito)

Uso Prático

Para dominar o computador de voo, é essencial a prática constante, seja durante as aulas ou nos estudos individuais. Familiarizar-se com o equipamento é indispensável para a aprovação em provas da ANAC e sua aplicação operacional em voos reais. Entre os cálculos mais comuns estão:

  • Velocidade, tempo e distância.
  • Proa verdadeira e velocidade no solo.
  • Compensação para desvio de vento.

O aprendizado inicial pode exigir atenção redobrada, especialmente para cálculos mais complexos relacionados ao vento, mas a repetição e prática tornam o uso cada vez mais intuitivo.

Importância

Embora muitos sistemas modernos automatizem esses cálculos, o domínio do computador de voo é uma habilidade valorizada, especialmente como redundância para falhas de sistemas eletrônicos. Além disso, fortalece a compreensão dos fundamentos da navegação e reforça a confiança do piloto na gestão de variáveis críticas em voo.

Faces do computador de voo

O computador de voo possui duas faces principais, cada uma com funções específicas, que são essenciais para os cálculos manuais utilizados na navegação aérea.

Face A (Face de Cálculo)

A face A do computador de voo é utilizada para realizar cálculos relacionados a todas as variáveis não associadas ao vento. É uma interface composta por dois discos circulares graduados, sendo um fixo (externo) e outro móvel (interno). Essas escalas servem para representar valores de diferentes unidades, como velocidade, tempo, distância e consumo de combustível.

Características da Face A:

  • Escalas Logarítmicas: Os números estão dispostos em uma escala logarítmica, onde as distâncias entre eles diminuem gradualmente no sentido horário. Essa característica facilita a realização de cálculos matemáticos básicos, como multiplicações e divisões, de forma rápida e intuitiva.
  • Flexibilidade de Valores: Embora os números nas escalas sejam limitados entre 10 e 99, eles podem ser ajustados para diferentes ordens de grandeza. Por exemplo:
    • O número 22 pode ser lido como 0,22, 2,2, 22, 220 ou 2200, dependendo do contexto do cálculo.
  • Interpretação Contextual: O resultado deve ser interpretado conforme a unidade de medida. Por exemplo, ao calcular a velocidade no solo (GS), um valor de 118 será interpretado como 118 kt, e não 11,8 kt ou 1180 kt.

Aplicações Comuns:

  • Velocidade, distância e tempo: Relações básicas para determinar o tempo necessário para percorrer uma distância a uma velocidade específica.
  • Consumo de combustível: Quantidade de combustível consumida com base na autonomia ou no tempo de voo.
  • Conversões: Alteração entre diferentes unidades de medida (ex.: milhas náuticas para quilômetros).
  • Razão de subida ou descida: Determina quanto tempo será necessário para atingir uma determinada altitude.

Face B (Face do Vento)

A face B do computador é dedicada exclusivamente aos cálculos relacionados aos efeitos do vento sobre o voo. Ela ajuda o piloto a resolver problemas do triângulo de vento, essenciais para ajustar a proa e determinar a velocidade no solo.

Características da Face B:

  • Eixos de Referência: Representa graficamente os efeitos do vento em relação à proa e ao rumo da aeronave.
  • Marcador Central: Serve como ponto de referência para traçar os cálculos de direção e intensidade do vento.
  • Triângulo de Vento: Permite ao piloto determinar:
    • Velocidade no solo (GS).
    • Correção de proa (para compensar vento cruzado).
    • Direção e intensidade do vento em relação à rota planejada.

Diferenças entre os Tipos de Computador:

  • No computador circular, os cálculos de vento podem ser mais complexos, dependendo da familiaridade do piloto com o equipamento.
  • No computador régua (E6-B), os cálculos são mais intuitivos, o que torna este modelo o preferido na aviação. Por isso, ele é frequentemente adotado como padrão em instruções e exames.

Abaixo Face B

Conclusão

A separação funcional entre as faces A e B do computador de voo simplifica os cálculos de navegação. A prática consistente no uso dessas ferramentas fortalece a precisão e rapidez nas operações, tornando o computador de voo um instrumento indispensável no planejamento e execução de voos.

Utilização prática do computador de voo mecânico:

Nesta parte analisaremos algumas conversões que podem ser realizadas neste equipamento, e que são úteis para
determinados cálculos de navegação aérea.

Analisaremos as seguintes conversões:

  • massa: quilograma / libra
  • capacidade volumétrica: galões imperiais / litros /US galões
  • unidades de velocidade: nós (kt) / milha terrestre (st) / quilômetro (km)
  • distâncias: pés /metros / quilômetros / milhas náuticas / milhas terrestres
  • longitude: longitude / tempo
  • temperatura: celsius / fahrenheit

Conversão de Massa no Computador de Voo

O computador de voo simplifica a conversão entre quilogramas (kg) e libras (lbs) por meio de um ajuste inicial entre as escalas. Siga o processo abaixo para realizar a conversão de forma prática e precisa.

Exemplo: Converter 2.200 lbs em kg

  1. Ajuste Inicial:
    • Posicione a seta de LBS (na escala externa) sobre a seta de KG (na escala interna).
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor de 2.200 lbs na escala externa.
    • Na posição correspondente na escala interna, leia o valor equivalente em quilogramas.
  3. Resultado:
    • 2.200 lbs equivale a 1.000 kg.

Exemplo Inverso: Converter 1.000 kg em lbs

  1. Ajuste Inicial:
    • Posicione a seta de LBS sobre a seta de KG.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor de 1.000 kg na escala interna.
    • Na posição correspondente na escala externa, leia o valor equivalente em libras.
  3. Resultado:
    • 1.000 kg equivale a 2.200 lbs.

Observação

  • Proporcionalidade Direta: Após alinhar as escalas, todos os valores em kg terão correspondentes diretos em lbs e vice-versa. Isso facilita a conversão para qualquer massa.
  • Fator de Conversão: 1 kg é aproximadamente igual a 2,2 lbs, o que é representado graficamente no computador de voo.

Essa técnica é rápida e eficiente, eliminando a necessidade de cálculos manuais.

Conversão de Capacidade Volumétrica no Computador de Voo

A conversão entre litros (LITERS), galões americanos (US GAL) e galões imperiais (IMP GAL) é um cálculo comum, especialmente para a estimativa e planejamento de combustível. Veja como realizar esse processo no computador de voo.


Exemplo 1: Converter 90 litros em US GAL e IMP GAL

Método 1: Ajustando a seta de LITERS sobre o valor 90
  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta de LITERS (escala externa) diretamente sobre o valor 90.
  2. Leitura do Valor em US GAL:
    • Na escala interna, sob a seta de US GAL, leia o valor correspondente.
    • Resultado: 90 litros = 23,80 US GAL.
  3. Leitura do Valor em IMP GAL:
    • Na escala interna, sob a seta de IMP GAL, leia o valor correspondente.
    • Resultado: 90 litros = 19,80 IMP GAL.

Método 2: Ajustando as setas de referência
  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta de LITERS (escala externa) sobre a seta de US GAL (escala interna).
  2. Leitura do Valor:
    • Na escala externa, localize o valor 90 litros.
    • Leia na escala interna o equivalente em US GAL.
    • Resultado: 90 litros = 23,80 US GAL.
  3. Repetir para IMP GAL:
    • Alinhe a seta de LITERS (escala externa) sobre a seta de IMP GAL (escala interna).
    • Na escala externa, localize o valor 90 litros.
    • Leia na escala interna o equivalente em IMP GAL.
    • Resultado: 90 litros = 19,80 IMP GAL.

Escolha do Método

  • O Método 1 é mais intuitivo, pois posiciona diretamente o valor que se deseja converter e permite leituras simultâneas para as duas unidades (US GAL e IMP GAL).
  • O Método 2 exige ajuste da seta para cada unidade, mas pode ser mais claro para quem está começando a prática.

Ambos os métodos são eficazes. A escolha depende da sua preferência e do nível de familiaridade com o computador de voo. Com prática, qualquer um deles será rápido e preciso.

Conversão de Unidades de Velocidade no Computador de Voo

A conversão de velocidades entre nós (kt), milhas por hora (mph) e quilômetros por hora (km/h) é simples com o uso do computador de voo. Veja como realizar esse cálculo com os dois métodos sugeridos.


Exemplo 1: Converter 100 kt para mph e km/h

Método 1: Ajustando a seta de NAUT sobre o valor 10
  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta de NAUT (nós) (escala externa) sobre o valor 10 (escala interna).
  2. Leitura do Valor em mph:
    • Na escala interna, sob a seta de mph (STAT) (na escala externa), leia o valor correspondente.
    • Resultado: 100 kt = 115 mph.
  3. Leitura do Valor em km/h:
    • Na escala interna, sob a seta de km/h (KM) (na escala externa), leia o valor correspondente.
    • Resultado: 100 kt = 185 km/h.

Método 2: Ajustando diretamente as setas de NAUT e KM
  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta de NAUT (nós) (escala externa) sobre a seta de KM (quilômetros) (escala interna).
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 10 na escala externa.
    • Leia o valor correspondente na escala interna (KM).
    • Resultado: 100 kt = 185 km/h.

Considerações

  • Proporções fixas:
    • 1 nó ≈ 1,852 km/h.
    • 1 nó ≈ 1,151 mph.
  • O Método 1 é mais prático quando se deseja obter os valores simultaneamente em mph e km/h.
  • O Método 2 é útil para conversões entre duas unidades específicas.

Conversão de Unidades de Distância no Computador de Voo

A conversão de distâncias entre milhas náuticas (nm), milhas terrestres (st), quilômetros (km), metros (m) e pés (ft) é uma tarefa simples no computador de voo. Veja os passos para realizar essas conversões.


1. Conversão entre nm, st e km

Para converter distâncias como 100 nm em quilômetros (km) ou milhas terrestres (st), utilize o mesmo método empregado na conversão de velocidades, pois a relação entre as unidades é a mesma.

Exemplo: Converter 100 nm em km

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta de NAUT (milhas náuticas), na escala externa, sobre o valor 10 na escala interna.
  2. Leitura do Valor em km:
    • Na escala interna, sob a seta de KM, leia o valor correspondente.
    • Resultado: 100 nm = 185 km.
  3. Leitura do Valor em st:
    • Na escala interna, sob a seta de STAT (milhas terrestres), leia o valor correspondente.
    • Resultado: 100 nm = 115 st.

2. Conversão entre pés (ft) e metros (m)

Para converter distâncias entre pés (ft) e metros (m), o processo é ligeiramente diferente.

Exemplo: Converter 10.000 pés em metros

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta de FT (pés), na escala externa, sobre a seta de METERS (metros), na escala interna.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 10 na escala externa (representando 10.000 pés).
    • Leia o valor correspondente na escala interna (metros).
    • Resultado: 10.000 pés = 3.050 m.

Observações

  • Proporções Fixas:
    • 1 milha náutica ≈ 1,852 km ou 1,151 milhas terrestres.
    • 1 pé ≈ 0,3048 metros.
  • Consistência de Método:
    • O processo para conversão de nm, km e st segue o mesmo padrão das unidades de velocidade.
    • A conversão entre ft e m requer ajuste específico das setas no computador.

Conversão de Temperatura no Computador de Voo

O computador de voo permite uma conversão simples e direta entre as unidades de temperatura Celsius (°C) e Fahrenheit (°F), utilizando a escala localizada na parte inferior da face A.


Exemplo: Converter 10°C para °F

  1. Localizar o Valor em Celsius:
    • Na escala superior, encontre o valor 10°C.
  2. Leitura do Valor em Fahrenheit:
    • Diretamente abaixo do valor 10°C, na escala inferior, leia o valor correspondente em °F.
    • Resultado: 10°C = 50°F.

Características do Processo

  • Sem Ajustes Necessários:
    • A escala de temperatura está fixa no computador de voo. Não é necessário realizar ajustes para a conversão.
  • Conversão Direta:
    • Basta localizar o valor na escala superior (Celsius) e ler o correspondente na escala inferior (Fahrenheit) ou vice-versa.

Fórmula de Conversão

Embora o computador de voo simplifique o processo, a relação matemática para a conversão é:

  • De Celsius para Fahrenheit: °F=(°C×1,8)+32°F = (°C \times 1,8) + 32
  • De Fahrenheit para Celsius: °C=(°F−32)÷1,8°C = (°F – 32) \div 1,8

No entanto, com o computador de voo, o processo manual é desnecessário.


Benefícios

Esse método é rápido, eficiente e elimina a necessidade de cálculos ou tabelas adicionais, sendo uma ferramenta útil no planejamento de voo e na leitura de dados meteorológicos.

Conversão de Longitude em Tempo no Computador de Voo

A relação entre graus de longitude e tempo baseia-se no princípio de que 15° de longitude correspondem a 60 minutos (1 hora). O computador de voo facilita essa conversão com o ajuste das escalas. Siga os passos abaixo:


Exemplo: Converter 100° de longitude em tempo

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (escala interna) com o valor 15 (escala externa), que representa os 15° equivalentes a 60 minutos.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 100 na escala externa (graus de longitude).
    • Leia o valor correspondente na escala interna (tempo, em minutos).
    • Resultado: 100° de longitude = 400 minutos.
  3. Conversão para Horas e Minutos:
    • Divida os minutos por 60 para obter horas: 400 minutos÷60=6 horas e 40 minutos400 \, \text{minutos} \div 60 = 6 \, \text{horas e} \, 40 \, \text{minutos}
    • Resultado Final: 100° de longitude = 6h e 40m.

Características

  • Proporcionalidade Direta:
    • O tempo é proporcional ao ângulo de longitude. A cada 15° há um incremento de 1 hora.
  • Escalas Simples:
    • A escala externa é usada para os graus de longitude.
    • A escala interna apresenta os valores correspondentes em minutos ou horas.

Aplicações

  • Cálculo de Diferenças de Fuso Horário:
    • Usado para calcular deslocamentos temporais entre meridianos.
  • Planejamento de Navegação:
    • Relaciona a posição em longitude com o tempo de voo estimado.

Cálculos Envolvendo Regra de Três Simples no Computador de Voo

A regra de três simples é amplamente utilizada na navegação aérea para resolver questões como tempo de subida, consumo de combustível e cálculos de distância e velocidade. O computador de voo simplifica esses cálculos, especialmente em situações onde a praticidade é essencial.


Componentes Essenciais

  • Escala Externa (fixa): Dados relacionados a grandezas como distância, velocidade, consumo e razão de subida/descida.
  • Escala Interna (móvel): Dados relacionados ao tempo (em minutos ou horas).

Exemplo 1: Tempo para Subir até o Nível de Cruzeiro

Dados:

  • Razão de subida: 500 ft/min.
  • Quantidade de subida: 6.000 ft.

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe o valor 10 (representando 1 minuto na escala interna) com o valor 50 (representando 500 ft/min na escala externa).
    • Isso configura a relação: 1 minuto → 500 ft.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor de 6.000 ft na escala externa.
    • Leia o tempo correspondente na escala interna.
    • Resultado: 6.000 ft serão alcançados em 12 minutos.

Exemplo 2: Velocidade, Tempo e Distância

Dados:

  • Distância: 180 nm.
  • Velocidade: 90 kt.
  • Pergunta: Quanto tempo será necessário para percorrer essa distância?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (na escala interna) sobre o valor 90 (representando 90 kt na escala externa).
    • Isso configura a relação: 1 hora → 90 nm.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor de 180 nm na escala externa.
    • Leia o tempo correspondente na escala interna.
    • Resultado: Serão necessários 2 horas para percorrer 180 nm.

Exemplo 3: Consumo e Gasto de Combustível

Dados:

  • Consumo da aeronave: 15 galões/hora.
  • Tempo de voo: 2 horas e 30 minutos.
  • Pergunta: Quantidade de combustível consumido?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (na escala interna) sobre o valor 15 (representando 15 gal/h na escala externa).
    • Isso configura a relação: 1 hora → 15 galões.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o tempo de 2,5 horas (correspondente a 2 horas e 30 minutos) na escala interna.
    • Leia o consumo correspondente na escala externa.
    • Resultado: O consumo será de 37,5 galões.

Principais Dicas

  1. Seta Horária vs Índice 10:
    • Para cálculos com horas (ex.: velocidade, distância, combustível), use a seta horária.
    • Para cálculos com minutos (ex.: subida/descida), use o índice 10.
  2. Lógica do Ajuste:
    • Sempre ajuste o computador para configurar a relação inicial entre as grandezas. Após isso, basta localizar o valor solicitado e ler o correspondente.
  3. Aplicabilidade Geral:
    • A mesma lógica é usada para qualquer cálculo de regra de três simples, seja ele relacionado a distância, velocidade, tempo, consumo ou razão de subida/descida.

Velocidade, tempo e distância

O computador de voo facilita cálculos de velocidade, tempo e distância, aplicando a lógica da regra de três de forma prática. Abaixo, os três exemplos ilustram como realizar esses cálculos:

Para estes cálculos é interessante o conhecimento das seguintes equações:

velocidade = distânciatempo

tempo = distânciavelocidade

distância = velocidade × tempo


Exemplo 1: Distância Percorrida

Problema: Com velocidade de 120 kt, em 30 minutos, quantas milhas náuticas uma aeronave percorrerá?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (na escala interna) sob o valor 12 (representando 120 kt na escala externa).
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 30 (representando 30 minutos) na escala interna.
    • Leia o valor correspondente na escala externa (distância percorrida).
    • Resultado: A aeronave percorrerá 60 nm.

Exemplo 2: Velocidade

Problema: Uma aeronave percorre 310 nm em 1h20min (ou 80 minutos). Qual é a velocidade dessa aeronave?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe o valor 80 (representando 80 minutos) na escala interna sob o valor 31 (representando 310 nm) na escala externa.
  2. Leitura do Valor:
    • Sob a seta horária (na escala interna), leia o valor correspondente na escala externa (velocidade da aeronave).
    • Resultado: A velocidade da aeronave é de 232 kt.

Exemplo 3: Tempo do Percurso

Problema: Com velocidade de 95 kt, uma aeronave percorre 170 nm em quanto tempo?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (na escala interna) sob o valor 95 (representando 95 kt na escala externa).
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 17 (representando 170 nm) na escala externa.
    • Leia o valor correspondente na escala interna (tempo do percurso).
    • Resultado: O tempo do percurso será de 107 minutos, ou 1h47min.

Observações

  • Seta Horária: Sempre utilizada para configurar a relação inicial entre tempo, velocidade e distância.
  • Unidades:
    • A velocidade é dada em nós (kt).
    • O tempo pode ser convertido entre minutos e horas conforme necessário.
    • A distância é em milhas náuticas (nm).
  • Lógica Universal: O mesmo método pode ser aplicado a qualquer cálculo de velocidade, tempo e distância.

Cálculos de Consumo e Gasto de Combustível

Os cálculos de combustível no computador de voo seguem a mesma lógica aplicada aos cálculos de velocidade, tempo e distância, utilizando a escala interna (tempo) e a escala externa (quantidade de combustível). Aqui estão os exemplos explicados:


Exemplo 1: Gasto de Combustível em 45 Minutos

Problema: Uma aeronave consome 100 l/h. Quanto combustível será gasto em 45 minutos de voo?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (na escala interna) sob o valor 10 (representando 100 l/h na escala externa).
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 45 (representando 45 minutos) na escala interna.
    • Leia o valor correspondente na escala externa (combustível gasto).
    • Resultado: A aeronave consumirá 75 litros.

Exemplo 2: Autonomia de Combustível

Problema: Uma aeronave consome 76 l/h e é abastecida com 190 litros. Qual a autonomia dessa aeronave?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe a seta horária (na escala interna) sob o valor 76 (representando 76 l/h na escala externa).
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 19 (representando 190 litros) na escala externa.
    • Leia o valor correspondente na escala interna (autonomia em minutos).
    • Resultado: A autonomia será de 150 minutos ou 2h30min.

Exemplo 3: Consumo Horário

Problema: Uma aeronave consome 32 US Gal em 1h10min de voo. Qual o consumo horário dessa aeronave?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe o valor 70 (representando 70 minutos ou 1h10min) na escala interna sob o valor 32 (representando 32 US Gal) na escala externa.
  2. Leitura do Valor:
    • Sob a seta horária (na escala interna), leia o valor correspondente na escala externa (consumo horário).
    • Resultado: O consumo horário será de 27,4 US Gal/h.

Dicas Importantes

  • Seta Horária:
    • Sempre utilize a seta horária para configurar a relação entre tempo (escala interna) e combustível (escala externa).
  • Unidades:
    • Certifique-se de que as unidades de combustível estão consistentes (litros ou galões).
  • Proporcionalidade:
    • A lógica dos ajustes é baseada em proporcionalidade direta. Assim que o computador é ajustado, ele resolve automaticamente a relação entre os valores.

Esses cálculos são simples, rápidos e extremamente úteis para planejamento de voo e monitoramento de consumo em tempo real.

Cálculos de Razão, Quantidade e Tempo de Subida ou Descida no Computador de Voo

Os cálculos relacionados à subida ou descida de uma aeronave seguem os mesmos princípios de proporcionalidade da regra de três simples, mas utilizam o índice 10 na escala interna em vez da seta horária. Isso se aplica porque o tempo geralmente é medido em minutos nesses casos.


Exemplo 1: Altitude Ganha em 12 Minutos

Problema: Uma aeronave sobe com razão de 500 ft/min. Qual será o ganho de altitude em 12 minutos?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Posicione o índice 10 (na escala interna) sob o valor 50 (representando 500 ft/min) na escala externa.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 12 (representando 12 minutos) na escala interna.
    • Leia o valor correspondente na escala externa (ganho de altitude).
    • Resultado: O ganho de altitude será de 6.000 ft.

Exemplo 2: Tempo Necessário para Subir 6.000 ft

Problema: Uma aeronave deseja subir 6.000 ft com uma razão de subida de 800 ft/min. Quanto tempo será necessário?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe o índice 10 (na escala interna) sob o valor 80 (representando 800 ft/min) na escala externa.
  2. Leitura do Valor:
    • Localize o valor 60 (representando 6.000 ft) na escala externa.
    • Leia o valor correspondente na escala interna (tempo em minutos).
    • Resultado: O tempo necessário será de 7,5 minutos.

Exemplo 3: Razão de Descida

Problema: Uma aeronave desce 12.000 ft em 18 minutos. Qual é a razão de descida?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Alinhe o valor 18 (representando 18 minutos) na escala interna sob o valor 12 (representando 12.000 ft) na escala externa.
  2. Leitura do Valor:
    • Sob o índice 10 (na escala interna), leia o valor correspondente na escala externa (razão de descida).
    • Resultado: A razão de descida será de 666 ft/min.

Dicas Importantes

  1. Índice 10:
    • Sempre use o índice 10 para cálculos envolvendo minutos, como subidas e descidas.
  2. Unidades:
    • Altitudes e razões devem estar em pés (ft) e pés por minuto (ft/min).
    • Certifique-se de que as unidades sejam consistentes.
  3. Lógica Proporcional:
    • Após o ajuste inicial, o computador resolve automaticamente as relações entre os valores de tempo, razão e quantidade de subida/descida.

Cálculos de Velocidade Aerodinâmica (VA ou TAS) no Computador de Voo

A velocidade aerodinâmica verdadeira (VA ou TAS) aumenta com a altitude devido à menor densidade do ar, sendo uma função da velocidade indicada (VI ou IAS), da altitude de pressão, e da temperatura externa. O computador de voo permite calcular a VA de maneira rápida e precisa ao ajustar esses fatores.


Etapas para o Cálculo da VA

  1. Janela de Altitude e Temperatura:
    • Ajuste a altitude de pressão (FL) e a temperatura externa (°C) na janela específica do computador de voo.
  2. Velocidade Indicada (VI):
    • Localize a VI da aeronave na escala interna.
  3. Velocidade Aerodinâmica (VA):
    • Leia o valor correspondente na escala externa, que indicará a VA.

Exemplo 1

Problema: Uma aeronave voa com VI = 90 kt no FL050 (5.000 ft). A temperatura externa neste nível é 0°C. Qual é a VA?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Na janela de altitude e temperatura, ajuste o valor FL050 e 0°C.
  2. Leitura da VI:
    • Localize o valor 90 kt (VI) na escala interna.
  3. Leitura da VA:
    • Na escala externa, leia o valor correspondente à VA.
    • Resultado: A VA será de 96 kt.

Exemplo 2

Problema: Uma aeronave voa com VI = 120 kt no FL120 (12.000 ft). A temperatura externa neste nível é -10°C. Qual é a VA?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Na janela de altitude e temperatura, ajuste o valor FL120 e -10°C.
  2. Leitura da VI:
    • Localize o valor 120 kt (VI) na escala interna.
  3. Leitura da VA:
    • Na escala externa, leia o valor correspondente à VA.
    • Resultado: A VA será de 144 kt.

Dicas e Observações

  1. Regra dos 2%:
    • Aproximadamente, a VA aumenta 2% da VI por 1.000 ft de altitude. O uso do computador de voo refina esse cálculo considerando a temperatura real.
  2. Temperatura Padrão:
    • Caso a temperatura esteja dentro dos padrões ISA (International Standard Atmosphere), o ajuste da janela é direto. Para desvios da ISA, insira o valor real da temperatura para maior precisão.
  3. Janela de Altitude e Temperatura:
    • Verifique a marcação correta da altitude (FL) e temperatura na janela apropriada.

Cálculo do Número Mach no Computador de Voo

O número Mach é a relação entre a velocidade aerodinâmica verdadeira (VA) e a velocidade do som, sendo um parâmetro essencial na navegação por instrumentos, especialmente para aeronaves de alta performance. O número Mach varia conforme a temperatura, e o computador de voo facilita seu cálculo considerando essa variável.


Como Calcular o Número Mach

  1. Ajuste da Temperatura:
    • Insira a temperatura do nível de voo na janela específica do computador de voo.
  2. Velocidade Aerodinâmica (VA):
    • Localize a VA da aeronave na escala externa.
  3. Número Mach:
    • Leia o número Mach correspondente na escala interna.

Exemplo 1: Determinação do Número Mach

Problema: Uma aeronave voa no FL200 (20.000 ft) com VA = 360 kt. A temperatura neste nível é -15°C. Qual é o número Mach?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Insira -15°C na janela indicada.
  2. Localize a VA:
    • Na escala externa, localize o valor 360 kt.
  3. Leitura do Número Mach:
    • Leia o número correspondente na escala interna.
    • Resultado: O número Mach será 0.57.

Exemplo 2: Determinação da Velocidade Aerodinâmica (VA)

Problema: Uma aeronave voa no FL100 (10.000 ft) com número Mach = 0.25. A temperatura neste nível é 10°C. Qual é a VA?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Insira 10°C na janela indicada.
  2. Localize o Número Mach:
    • Na escala interna, localize o valor 0.25.
  3. Leitura da VA:
    • Leia o valor correspondente na escala externa.
    • Resultado: A VA será 164 kt.

Dicas e Observações

  1. Relação com a Temperatura:
    • O número Mach depende diretamente da temperatura do ar no nível de voo, pois a velocidade do som varia com a temperatura.
  2. Uso Prático:
    • Embora pouco utilizado em navegações visuais, o número Mach é crítico em voos IFR, especialmente em altitudes elevadas ou para aeronaves de alta performance.
  3. Cálculo Reverso:
    • É possível calcular a VA a partir do número Mach, desde que a temperatura seja conhecida, aplicando a lógica inversa ao processo.

Cálculo de Altitude Densidade no Computador de Voo

A altitude densidade é um valor crucial para determinar a performance de uma aeronave, afetando o desempenho do motor, a sustentação e o alcance. Ela é influenciada pela altitude de pressão e pela temperatura ambiente. O computador de voo permite calcular facilmente esse valor.


Passos para Calcular a Altitude Densidade

  1. Inserir os Dados:
    • Ajuste a altitude pressão (nível de voo ou FL) e a temperatura externa (em °C) na janela indicada do computador de voo.
  2. Leitura da Altitude Densidade:
    • Localize o valor correspondente na janela de altitude densidade (marcada como density altitude).

Exemplo Prático

Problema: Uma aeronave está no FL200 (20.000 ft) e a temperatura externa neste nível é de -10°C. Qual é a altitude densidade?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Insira FL200 (20.000 ft) e -10°C na janela indicada no computador de voo.
  2. Leitura da Altitude Densidade:
    • Na janela de altitude densidade, leia o valor correspondente.
    • Resultado: A altitude densidade será de 22.000 ft.

Dicas e Observações

  1. Definição de Altitude Densidade:
    • A altitude densidade é a altitude à qual o ar teria a mesma densidade que no nível real de voo. Valores altos indicam ar menos denso, reduzindo a performance.
  2. Fatores de Influência:
    • Temperaturas mais altas que a padrão aumentam a altitude densidade.
    • Pressões atmosféricas mais baixas (ou níveis de voo maiores) também aumentam a altitude densidade.
  3. Importância Prática:
    • A altitude densidade é especialmente importante em decolagens e pousos, principalmente em aeródromos localizados em grandes altitudes ou em dias muito quentes.

Cálculo da Altitude Verdadeira no Computador de Voo

A altitude verdadeira (True Altitude) é a altitude real da aeronave acima do nível médio do mar (MSL). Esse cálculo corrige a altitude pressão levando em consideração a temperatura e o QNH local. Apesar de ser pouco utilizada em voo, a altitude verdadeira é útil em situações específicas, como verificação de separação mínima de obstáculos em terrenos elevados.


Passos para Calcular a Altitude Verdadeira

  1. Ajustar os Dados de Altitude e Temperatura:
    • Insira a altitude pressão (nível de voo ou FL) e a temperatura externa (em °C) na janela apropriada do computador de voo.
  2. Localizar a Altitude Indicada:
    • Na escala interna, insira o valor da altitude indicada corrigida pelo QNH local.
  3. Leitura da Altitude Verdadeira:
    • Na escala externa, leia o valor correspondente da altitude verdadeira.

Exemplo Prático

Problema: Uma aeronave voa no FL150 (15.000 ft) com temperatura externa de -20°C. A altitude indicada corrigida pelo QNH local é de 14.000 ft. Qual é a altitude verdadeira?

Passos:

  1. Ajuste Inicial:
    • Insira FL150 (15.000 ft) e -20°C na janela indicada no computador de voo.
  2. Localizar a Altitude Indicada:
    • Na escala interna, localize o valor 14.000 ft (altitude corrigida pelo QNH local).
  3. Leitura da Altitude Verdadeira:
    • Na escala externa, leia o valor correspondente.
    • Resultado: A altitude verdadeira será de 13.700 ft.

Dicas e Observações

  1. Correção por Temperatura e Pressão:
    • A altitude verdadeira considera desvios da atmosfera padrão. Em temperaturas mais baixas, a altitude verdadeira será menor que a indicada.
  2. Escala do Computador de Voo:
    • Certifique-se de utilizar a janela correta para inserir os dados de altitude e temperatura. O computador de voo frequentemente traz marcadores para orientar o piloto sobre as janelas e escalas adequadas.
  3. Uso Prático:
    • Apesar de pouco requisitada em voo, a altitude verdadeira pode ser útil para:
      • Verificar separação de obstáculos em operações de montanha.
      • Conferir precisão em voos em regiões com variações significativas de temperatura.

Cálculos de Vento: Proa Verdadeira (PV) e Velocidade no Solo (VS)

O cálculo da proa verdadeira (PV) e da velocidade no solo (VS) é um dos mais importantes para compensar os efeitos do vento, garantindo que a aeronave permaneça na rota planejada. Abaixo está o processo detalhado, seguido por exemplos práticos.


Passos para Calcular PV e VS na Face B do Computador de Voo

  1. Inserir a Direção do Vento:
    • Alinhe a direção do vento no True Index.
  2. Marcar a Velocidade do Vento:
    • Marque a velocidade do vento com lápis ou caneta acima do Grommet (centro do computador).
  3. Inserir o Rumo Verdadeiro (RV):
    • Alinhe o RV no True Index.
  4. Ajustar para Velocidade Aerodinâmica (VA):
    • Movimente a régua para que o ponto marcado na etapa 2 (velocidade do vento) fique sobre a linha correspondente à VA da aeronave.
  5. Ler a Velocidade no Solo (VS):
    • Na linha de velocidade abaixo do Grommet, leia o valor da VS.
  6. Determinar a Correção de Deriva (CD):
    • Encontre o ângulo entre a linha central e a marca da velocidade do vento.
    • Se a CD está à direita da linha central, some ao RV para obter a PV.
    • Se a CD está à esquerda, subtraia do RV para obter a PV.
  7. Apagar as Marcas:
    • Limpe as marcações após o cálculo para evitar confusões em futuros cálculos.

Exemplo 1

Dados:
RV = 155°, Vento = 040°/40 kt, VA = 140 kt

Passos:

  1. Inserir 040° no True Index.
  2. Marcar 40 kt acima do Grommet.
  3. Inserir 155° no True Index.
  4. Ajustar a régua para que a marca de 40 kt fique sobre a linha de 140 kt (VA).
  5. Ler VS = 152 kt na linha de velocidade abaixo do Grommet.
  6. Ler CD = -15° (à esquerda da linha central).
    • PV = 155° – 15° = 140°.

Resposta:
PV = 140°
VS = 152 kt


Exemplo 2

Dados:
RV = 226°, Vento = 280°/27 kt, VA = 94 kt

Passos:

  1. Inserir 280° no True Index.
  2. Marcar 27 kt acima do Grommet.
  3. Inserir 226° no True Index.
  4. Ajustar a régua para que a marca de 27 kt fique sobre a linha de 94 kt (VA).
  5. Ler VS = 75 kt na linha de velocidade abaixo do Grommet.
  6. Ler CD = +13° (à direita da linha central).
    • PV = 226° + 13° = 239°.

Resposta:
PV = 239°
VS = 75 kt

“Observe que o ângulo entre o RV e a PV representa a correção de deriva (CD) da aeronave.”

Considerações Importantes

  1. PV e CD:
    • A proa verdadeira (PV) é a rota ajustada pela correção de deriva (CD) para compensar os desvios causados pelo vento.
    • A CD deve ser somada ou subtraída do RV, dependendo da posição relativa da linha central.
  2. Velocidade no Solo (VS):
    • A VS é usada para estimar o tempo de voo, alcance e consumo de combustível.
  3. Face B e Ferramentas:
    • Use lápis ou caneta para marcar pontos temporários, limpando-os após o cálculo.

Com prática, o processo se torna intuitivo e rápido, permitindo cálculos precisos durante o planejamento ou o voo.

Cálculo do Rumo Verdadeiro (RV) e Velocidade no Solo (VS)

Este cálculo é realizado quando são fornecidos os seguintes dados: proa verdadeira (PV), velocidade aerodinâmica (VA ou TAS) e direção e velocidade do vento. A partir dessas informações, determinamos o rumo verdadeiro (RV) e a velocidade no solo (VS).


Passos para Calcular RV e VS na Face B do Computador de Voo

  1. Inserir a Direção do Vento:
    • Alinhe a direção do vento no True Index.
  2. Marcar a Velocidade do Vento:
    • Marque a velocidade do vento abaixo do Grommet (centro do computador) com lápis ou caneta.
  3. Inserir a Proa Verdadeira (PV):
    • Alinhe a PV no True Index.
  4. Ajustar o Grommet para a VA:
    • Movimente a régua para que o Grommet fique sobre a linha correspondente à VA da aeronave.
  5. Ler a Velocidade no Solo (VS):
    • Na linha de velocidade correspondente ao ponto marcado (velocidade do vento), leia a VS.
  6. Determinar a Deriva (DR):
    • Encontre o ângulo entre a linha central e a marca da velocidade do vento (ponto marcado).
    • Se a DR está à direita da linha central, some à PV para obter o RV.
    • Se a DR está à esquerda, subtraia da PV para obter o RV.

Exemplo 1

Dados:
PV = 273°, Vento = 230°/40 kt, VA = 150 kt

Passos:

  1. Inserir a Direção do Vento:
    • Alinhe 230° no True Index.
  2. Marcar a Velocidade do Vento:
    • Marque 40 kt abaixo do Grommet.
  3. Inserir a PV:
    • Alinhe 273° no True Index.
  4. Ajustar o Grommet para VA:
    • Movimente a régua para que o Grommet fique sobre a linha correspondente à 150 kt (VA).
  5. Ler a VS:
    • Leia 124 kt na linha de velocidade correspondente ao ponto marcado.
  6. Determinar a DR:
    • Leia a deriva (+13°) (à direita da linha central).
    • RV = PV + DR = 273° + 13° = 286°.

Resposta:
RV = 286°
VS = 124 kt

“Observe que, neste caso, o ângulo entre a PV e o RV representa a deriva (DR) da aeronave.”


Exemplo 2

Dados:
PV = 054°, Vento = 350°/28 kt, VA = 88 kt

Passos:

  1. Inserir a Direção do Vento:
    • Alinhe 350° no True Index.
  2. Marcar a Velocidade do Vento:
    • Marque 28 kt abaixo do Grommet.
  3. Inserir a PV:
    • Alinhe 054° no True Index.
  4. Ajustar o Grommet para VA:
    • Movimente a régua para que o Grommet fique sobre a linha correspondente à 88 kt (VA).
  5. Ler a VS:
    • Leia 80 kt na linha de velocidade correspondente ao ponto marcado.
  6. Determinar a DR:
    • Leia a deriva (+19°) (à direita da linha central).
    • RV = PV + DR = 054° + 19° = 073°.

Resposta:
RV = 073°
VS = 80 kt


Considerações Importantes

  1. Marcação da Velocidade do Vento:
    • Neste cálculo, a marcação da velocidade do vento é abaixo do Grommet, diferente do cálculo de proa verdadeira (PV), onde a marcação é acima.
  2. Correção de Deriva (DR):
    • A deriva (DR) indica o desvio causado pelo vento, e deve ser somada ou subtraída conforme sua posição relativa à linha central.
  3. Lembrete para Apagar Marcas:
    • Após finalizar o cálculo, apague as marcações no computador de voo para evitar confusões em futuros cálculos.

Cálculo da Direção e Velocidade do Vento no Computador de Voo

O cálculo da direção e velocidade do vento é feito na face B do computador de voo, utilizando os dados da proa verdadeira (PV), rumo verdadeiro (RV), velocidade aerodinâmica (VA ou TAS) e velocidade no solo (VS ou GS). Este processo permite determinar com precisão os efeitos do vento na aeronave.


Passos para Calcular Direção e Velocidade do Vento

  1. Inserir o Rumo Verdadeiro (RV):
    • Alinhe o RV no True Index.
  2. Mover o Grommet para a Velocidade no Solo (VS):
    • Ajuste o Grommet para que fique sobre a linha correspondente à VS da aeronave.
  3. Calcular e Marcar a Diferença Angular entre RV e PV:
    • Calcule a diferença entre RV e PV.
      • Se PV < RV, marque o valor à esquerda da linha central.
      • Se PV > RV, marque o valor à direita da linha central.
    • Essa diferença corresponde à linha da proa.
  4. Marcar a Interseção entre VA e a Linha da Proa:
    • Na linha correspondente à VA, marque o ponto onde ela cruza com a linha da proa (definida no passo 3).
  5. Determinar a Direção do Vento:
    • Gire a área circular do computador para que o ponto marcado no passo 4 coincida com a linha central da régua.
    • Leia o valor no True Index para obter a direção do vento.
  6. Determinar a Velocidade do Vento:
    • A diferença entre o ponto marcado (passo 4) e o Grommet na escala de velocidade corresponde à velocidade do vento.

Exemplo 1

Dados: PV = 209°, RV = 219°, VA = 150 kt, VS = 134 kt

Passos:

  1. Inserir o RV (219°) no True Index.
  2. Ajustar o Grommet para a linha correspondente à VS (134 kt).
  3. Calcular a diferença angular entre RV (219°) e PV (209°):
    • Diferença = 10°, marcada à esquerda da linha central, pois PV < RV.
  4. Marcar o ponto de interseção entre a linha de VA (150 kt) e a linha da proa (10° à esquerda).
  5. Girar a área circular para alinhar o ponto marcado à linha central da régua:
    • Direção do vento = 155°.
  6. Determinar a velocidade do vento:
    • Diferença entre o ponto marcado e o Grommet = 30 kt.

Resposta: Vento = 155°/30 kt


Exemplo 2

Dados: PV = 270°, RV = 266°, VA = 180 kt, VS = 202 kt

Passos:

  1. Inserir o RV (266°) no True Index.
  2. Ajustar o Grommet para a linha correspondente à VS (202 kt).
  3. Calcular a diferença angular entre RV (266°) e PV (270°):
    • Diferença = , marcada à direita da linha central, pois PV > RV.
  4. Marcar o ponto de interseção entre a linha de VA (180 kt) e a linha da proa (4° à direita).
  5. Girar a área circular para alinhar o ponto marcado à linha central da régua:
    • Direção do vento = 055°.
  6. Determinar a velocidade do vento:
    • Diferença entre o ponto marcado e o Grommet = 25 kt.

Resposta: Vento = 055°/25 kt


Considerações Importantes

  1. Marcação da Linha da Proa:
    • Se PV < RV, a marcação será à esquerda.
    • Se PV > RV, a marcação será à direita.
  2. Interpretação dos Resultados:
    • O valor do True Index dá a direção do vento.
    • A distância entre o ponto marcado e o Grommet dá a velocidade do vento.
  3. Erros Comuns:
    • Confundir o lado (esquerda ou direita) ao marcar a diferença angular entre RV e PV.
    • Não alinhar corretamente o ponto de interseção com a linha central no final do processo.

Conclusão

O computador de voo mecânico é uma ferramenta indispensável na navegação aérea, oferecendo uma abordagem prática e confiável para realizar cálculos críticos. Desde cálculos de velocidade, tempo e distância até ajustes de rota e compensação de vento, o equipamento permite aos pilotos solucionar problemas complexos de forma intuitiva e rápida.

Sua capacidade de lidar com variáveis importantes, como direção e intensidade do vento, altitude verdadeira e densidade, consumo de combustível e número Mach, demonstra sua versatilidade.

Embora as tecnologias modernas tenham automatizado muitos desses processos, o domínio do computador de voo permanece fundamental. Ele não apenas serve como uma ferramenta de backup em caso de falhas eletrônicas, mas também reforça os conceitos básicos de navegação e aprimora o raciocínio lógico do piloto. A prática constante é essencial para garantir fluidez e precisão no uso do equipamento, especialmente em cálculos mais exigentes, como os relacionados ao triângulo de vento.

O Computador de Voo é uma ferramenta fundamental na aviação que, apesar da era digital, mantém sua relevância por várias razões:

  1. Confiabilidade:
  • Não depende de baterias ou energia elétrica
  • Serve como backup confiável em caso de falha de sistemas eletrônicos
  • Oferece precisão consistente quando usado corretamente
  1. Versatilidade:
  • Permite múltiplos cálculos essenciais para navegação
  • Realiza conversões entre diferentes unidades
  • Auxilia no planejamento de voo e tomada de decisões em tempo real
  1. Valor Educacional:
  • Ajuda na compreensão dos princípios básicos de navegação
  • Desenvolve habilidades de resolução de problemas
  • Fortalece o entendimento das relações entre diferentes variáveis de voo
  1. Aplicação Prática:
  • Essencial para exames da ANAC
  • Útil em situações reais de voo
  • Importante para cálculos rápidos durante emergências
  1. Legado Histórico:
  • Representa décadas de evolução na navegação aérea
  • Mantém viva uma tradição importante da aviação
  • Continua sendo referência no ensino aeronáutico

O domínio do computador de voo não é apenas uma exigência técnica, mas um diferencial que marca o profissional bem preparado e comprometido com a segurança e eficiência na aviação.